A Importância das Demonstrações Financeiras no Valuation de Uma Empresa

A importância das demonstrações financeiras no valuation de uma empresa

Saiba mais sobre a importância das demonstrações financeiras no valuation de uma empresa e como elas são fundamentais para apurar o valor de um negócio

As demonstrações financeiras objetivam fornecer a gestores e investidores informações imprescindíveis sobre o desempenho econômico-financeiro e patrimonial de uma companhia. Por meio das demonstrações financeiras é possível gerenciar de forma bastante detalhada a evolução das contas ao longo do tempo, as variações das participações relativas das contas, a estrutura de capital da empresa, os indicadores de liquidez, os indicadores de endividamento, os indicadores de rentabilidade, os resultados brutos e líquidos, o patrimônio líquido, a capacidade da empresa de gerar valor econômico aos sócios, os ativos, os passivos, o patrimônio líquido, as movimentações operacionais de caixa, as operações de financiamento, as operações de investimento, a distribuição dos lucros, os resultados comparativos, entre muitas outras informações relevantes para a avaliação de uma empresa. As demonstrações financeiras também são essenciais para o cumprimento das normas de accountability, de compliance e das boas práticas de governança corporativa.

As demonstrações financeiras são imprescindíveis para calcular o valor de uma empresa, elas fornecem todo o arcabouço econômico-financeiro necessário para a análise de dados quantitativos de nível contábil, financeiro, econômico, comercial e gerencial. Ademais, o conjunto dos resultados das demonstrações financeiras, da avaliação setorial, da análise macroeconômica e de um plano de negócios detalhado da companhia possibilita estimar o valor econômico da empresa pelas projeções do Fluxo de Caixa Disponível da Empresa (FCDE), ou Free Cash Flow to Firm (FCFF), descontadas pela taxa que representa o custo médio ponderado de capital, ou Weighted Average Cost of Capital (WACC).

As demonstrações financeiras obrigatórias

A Lei 6.404/1976, que dispõe sobre as sociedades por ações, atualizada pelas leis 11.638/2007 e 11.941/2009, estabelece, dentre outras diretrizes, o rol das demonstrações financeiras que deverão ser apresentadas ao fim de cada exercício social. Também é obrigatório o cumprimento das Normas Brasileiras de Contabilidade (NBCs) e das Instruções da Comissão de Valores Mobiliários (CVM). Atualmente as empresas de capital aberto são obrigadas a publicar o Balanço Patrimonial (BP), a Demonstração do Resultado do Exercício (DRE), a Demonstração dos Fluxos de Caixa (DFC), a Demonstração dos Resultados Abrangentes (DRA), a Demonstração das Mutações do Patrimônio Líquido (DMPL), a Demonstração do Valor Adicionado (DVA), as Notas Explicativas e o Relatório da Administração.

Ademais, para atender às demandas de investidores internacionais, vale ressaltar que, embora não seja compulsório no Brasil, parte das empresas de capital aberto também emitem um relatório das atividades ESG (Environmental, Social and Corporate Governance) ou um relatório integrado que abrange as atividades de ESG e as informações financeiras, nos termos da resolução 14 da CVM. Os principais modelos utilizados na produção dos relatórios integrados são os frameworks Global Reporting Initiative (GRI), International Integrated Reporting Council (IIRC) e Sustainability Accounting Standards Board (SASB).

As pequenas e médias empresas que apresentem receita bruta anual entre R$ 4,8 milhões e R$ 78 milhões devem cumprir os dispositivos da NBC TG 1000 e NBC TG 1001, que tratam da contabilidade para pequenas e médias empresas, e apresentar anualmente o Balanço Patrimonial (BP), a Demonstração do Resultado do Exercício (DRE), a Demonstração das Mutações do Patrimônio Líquido (DMPL, a Demonstração dos Fluxos de Caixa (DFC) e as Notas Explicativas. As empresas com receita bruta anual inferior a R$ 4,8 milhões, classificadas pelas normas como microempresas, devem seguir a norma NBC TG 1002, que trata do modelo contábil para microempresa e empresa de pequeno porte.

Principais demonstrações financeiras

Balanço patrimonial

O balanço patrimonial é um relatório contábil que demostra a composição patrimonial e financeira de uma empresa em um determinado período, geralmente de 12 meses, sendo constituído pela composição dos ativos, dos passivos e do patrimônio líquido de uma companhia.

  • O ativo é subdividido em ativo circulante, que diz respeito aos bens e direitos de curto prazo como dinheiro em caixa, investimentos de curto prazo, contas a receber, estoques etc.; e ativo não circulante, representado por investimentos de longo prazo, ativos imobilizados e ativos intangíveis.
  • O passivo refere-se às obrigações de uma organização e apresenta contas como fornecedores, contas a pagar, impostos a pagar, empréstimos, financiamentos, dividendos a pagar, entre outras contas. Subdivide-se em passivo circulante, de curto prazo, e passivo não-circulante, de longo prazo.
  • O patrimônio líquido representa a diferença entre o total do ativo e o total do passivo de uma empresa em determinado momento, sendo composto pelas contas de capital social, reservas de capital, ajuste de avaliação patrimonial, reservas de lucros, ações em tesouraria e prejuízos acumulados.

O balanço patrimonial é fundamental para avaliar a saúde patrimonial e financeira de uma empresa e pode auxiliar de forma efetiva no cálculo de avaliação de empresas. Os resultados do balanço patrimonial e da demonstração do resultado do exercício permitem calcular importantes indicadores de desempenho econômico como ROE (Return on Equity), ROIC (Return on Invested Capital) e ROA (Return on Asset). O ROE mede a capacidade da empresa de gerar lucros a partir do patrimônio líquido médio apurado em um determinado período. É possível, deste modo, confrontar o ROE com o custo de capital próprio da empresa (Ke) para avaliar o custo de oportunidade e o retorno do negócio obtido pelos sócios. Trata-se de métricas fundamentais para calcular o valuation de uma empresa, então iremos abordar de forma mais detalhada tais indicadores em um próximo artigo.

Demonstração do resultado do exercício (DRE)

A demonstração do resultado do exercício (DRE) apresenta de maneira sistematizada a composição do resultado auferido pela empresa em determinado período. Na DRE as receitas são confrontadas com custos e despesas, resultando na apresentação dos lucros ou prejuízos do período. A apuração é realizada pelo regime de competência de acordo com as normas contábeis vigentes, isto é, os registros de receitas, custos e despesas são contabilizados integralmente na data de ocorrência do evento, diferindo-se, portanto, do regime de caixa. A estrutura da demonstração do resultado deve ser apresentada em conformidade com o artigo 187 da Lei 6.404/1976 (Lei das Sociedades por Ações) e suas alterações posteriores:

RECEITA OPERACIONAL BRUTA

Venda de Produtos
Venda de Mercadorias
Prestação de Serviços
(-) DEDUÇÕES DA RECEITA BRUTA
Devoluções de Vendas / Abatimentos
Impostos Sobre Vendas e Serviços
(=) RECEITA OPERACIONAL LÍQUIDA
(-) CUSTOS DAS VENDAS
Custo dos Produtos
Custo das Mercadorias
Custo dos Serviços Prestados
(=) RESULTADO OPERACIONAL BRUTO
(-) DESPESAS OPERACIONAIS
Despesas de Vendas
Despesas de Pessoal
Despesas Gerais e Administrativas
(-) DESPESAS FINANCEIRAS LÍQUIDAS
Despesas Financeiras
(+) Receitas Financeiras
Variações Monetárias e Cambiais Passivas /Ativas
(+/-) OUTRAS RECEITAS E DESPESAS
Resultado da Equivalência Patrimonial
Venda de Bens e Direitos do Ativo Não Circulante
(-) Custo da Venda de Bens e Direitos do Ativo Não Circulante
(=) RESULTADO OPERACIONAL ANTES DO IMPOSTO DE RENDA E DA CONTRIBUIÇÃO SOCIAL
(-) Provisão para Imposto de Renda e Contribuição Social Sobre o Lucro
(=) LUCRO LÍQUIDO ANTES DAS PARTICIPAÇÕES
(-) Debêntures, Empregados, Participações de Administradores, Partes Beneficiárias, Fundos de Assistência e Previdência para Empregados
(=) RESULTADO LÍQUIDO DO EXERCÍCIO

 A partir da demonstração do resultado do exercício (DRE) também é possível obter importantes indicadores econômico-financeiros globais como o EBITDA (Earnings Before Interest, Taxes, Depreciation and Amortization), o EBIT (Earnings Before Interest and Taxes) e o NOPAT (Net Operating Profit After Taxes). O EBITDA pode ser calculado somando-se as despesas de depreciação e amortização ao lucro operacional e pode também ser apurado em sua versão ajustada (EBITDA Ajustado) considerando os eventos não recorrentes do período. Trata-se de um importante indicador financeiro pois revela a capacidade operacional de geração de caixa de determinada companhia, sendo possível, a partir disso, fazer uma análise de desempenho livre de interferências legais adotadas pelos diferentes países. Neste contexto, as informações da DRE são imprescindíveis para a realização da avaliação econômico-financeira de uma empresa, tendo em vista que o demonstrativo apresenta de forma detalhada a composição do resultado líquido de uma determinada empresa.

Demonstração das mutações do patrimônio líquido (DMPL)

A demonstração das mutações do patrimônio líquido (DMPL) é um demonstrativo contábil que apresenta as variações ocorridas no patrimônio de uma companhia em um determinado período, sendo possível apresentar aumento, redução ou manter inalterado o valor do patrimônio líquido. Para exemplificar algumas possíveis mutações, o patrimônio líquido é aumentado pelas movimentações do lucro líquido, do aumento do capital social e do ágio nas subscrições de ações; é diminuído pelo prejuízo do exercício, pelas aquisições de ações em tesouraria e pelo pagamento de dividendos; e se mantém inalterado quando ocorre o aumento de capital advindo de reservas, da distribuição do lucro líquido para outras reservas e da compensação de prejuízos pelas reservas.

Demonstração dos fluxos de caixa (DFC)

A demonstração dos fluxos de caixa (DFC) é um relatório contábil que demostra as movimentações dos recursos monetários segregados pelas movimentações das operações, dos investimentos e dos financiamentos da empresa. Os fluxos de caixa operacionais descrevem as entradas e saídas de caixa referentes às transações de receitas, custos e despesas registradas pelo regime competência na demonstração do resultado do exercício (DRE). Os fluxos de caixa de investimentos representam as entradas e saídas de caixa correspondentes às variações ocorridas nos ativos não circulantes da companhia como operações de compra e venda de ativos imobilizados ou títulos de longo prazo para investimentos, por exemplo. Os fluxos de caixa de financiamentos são referentes às movimentações de caixa das operações com credores e investidores, como captação de recursos financeiros por meio de financiamentos e pagamentos de dividendos aos sócios.

As demonstrações financeiras são imprescindíveis para a elaboração do laudo de avaliação de empresas

O laudo de avaliação de empresas resulta no valor econômico da companhia apurado pelas projeções do Free Cash Flow to Firm (FCFF) descontadas pelo custo médio ponderado de capital Weighted Average Cost of Capital (WACC), que corresponde à Taxa Mínima de Atratividade (TMA) e ao risco do negócio para avaliação de retorno para os investidores. O fluxo de caixa livre projetado da companhia é calculado, por sua vez, pelo conjunto dos resultados econômico-financeiros das demonstrações contábeis, das análises setoriais, das variáveis macroeconômicas, do plano de negócio da companhia e das perspectivas futuras da empresa avaliada. Neste sentido, as demonstrações financeiras são imprescindíveis e fornecem todo o subsídio para a análise de dados de natureza contábil, financeira, econômica, comercial e gerencial de uma determinada empresa.

Considerações finais

Analisamos neste artigo a importância das demonstrações financeiras no valuation de uma empresa e como elas são fundamentais para calcular o valor de um negócio. Vimos também sobre as demonstrações financeiras obrigatórias de acordo com a Lei 6.404/1976, a Lei 11.638/2007, a Lei 11.941/2009, as Normas Brasileiras de Contabilidade (NBRs) e as Instruções da Comissão de Valores Mobiliários (CVM). Além das demonstrações obrigatórias, também introduzimos os relatórios das atividades ESG e os relatórios integrados que abrangem as atividades de ESG e as informações financeiras nos termos da resolução 14 da CVM. Por fim, explicamos sobre as principais demonstrações financeiras e como elas são imprescindíveis para a elaboração do laudo de avaliação de empresas.

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Guilherme Tomaz
Sócio e Diretor Executivo
Tradeport Valuation

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